quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Entrevista do Fábio Barreto à ISTOÉ

"As críticas não me magoam"
Diretor da versão brasileira de donas de casa desesperadas,da rede tv!, Fábio Barreto admite que a dublagem é um ponto fraco e diz que o seriado é diferente de novela

Nascido em uma família de cineastas e produtores de cinema, o diretor Fábio Barreto, 50 anos, acostumou- se muito cedo a conviver com o azedume de alguns críticos. Talvez por isto, venha enfrentando com naturalidade a enxurrada de resenhas negativas que a versão brasileira de Donas de Casa Desesperadas recebeu. Gravado na Argentina, o seriado estreou no mês passado na Rede TV! e segue o formato americano. “As críticas não me magoam, nem me doem.

Elas me ajudam a aprimorar e não creio que tenham o intuito de me atingir”, diz o diretor de O Quatrilho, filme indicado ao Oscar de melhor produção estrangeira em 1995. Às vésperas do lançamento de seu 11º filme, o longa Nossa Senhora de Caravaggio, Fábio está otimista com o desempenho do seriado nos próximos episódios. “Até janeiro muita coisa vai acontecer”, aposta ele, satisfeito com a média de cinco pontos no Ibope. Casado com a atriz piauiense Deborah Kalume, 30 anos, e pai de Júlia, 28, Mariana, 17, Lucas, 7, e João, de um ano e meio, Fábio Barreto já tem projeto novo: em 2008, o diretor quer rodar Bandidos e Mocinhas, um telefilme inspirado no romance de Nelson Motta.

Uma das principais críticas feitas ao seriado se refere à diferença de realidade entre a versão americana e a brasileira. Concorda?
Qualquer condomínio da Barra da Tijuca, no Rio, ou Alphaville, em São Paulo, tem casas no padrão americano, não é uma realidade que não exista aqui. Acho esse tipo de crítica improcedente. A questão da empregada também. As personagens da Franciely (Freduseski) e da Tereza (Seiblitz) têm empregadas. Se fôssemos fazer adaptações rigorosas, teríamos que mudar o texto inteiro. O texto tem de ser respeitado. Ele fala de qualquer mulher que vive no mundo da sociedade industrial moderna de consumo e de seus problemas.

A dublagem foi muito criticada.
Concordo, e estamos tentando melhorar o máximo possível. Não haveria como transportar 100 atores brasileiros para a Argentina. Tivemos que fazer com atores argentinos falando português foneticamente, com o labial para fazermos a dublagem. É muito difícil. Nos próximos capítulos vamos melhorar a qualidade técnica da dublagem.

Considera que esse estranhamento do público e da crítica se deva ao fato de nossas novelas serem calcadas na realidade?
Claro, isso tem tudo a ver. Mas o público de novela não é o público desse seriado. Ele entra às 23h, só pessoas de um certo nível social têm condição de estar acordadas, e assim mesmo nem todas, porque muita gente dorme. O ideal é que ele fosse ao ar mais cedo porque tem potencial popular para alcançar uma audiência bem maior. Atingimos cinco pontos, para o horário é excepcional, estamos em terceiro lugar, mas temos potencial para mais. A novela se repete, esse texto é muito dinâmico, muito rápido, a narrativa coloca uma grande quantidade de elementos novos. Não há espaço para o tom naturalista e descritivo da novela.

Alguma frustração com a produção?
Não, não, nenhuma. Foi um imenso prazer, estou aprendendo muito. Não me senti amarrado, pelo contrário, me senti bastante livre. A grande dificuldade foi a língua. A língua inglesa é muito sintética, muito objetiva. A nossa língua se estende mais para se fazer entender. O latino tem um outro tempo, ele não tem a frieza, a objetividade que tem o anglo-saxão.

Alguma atriz o surpreendeu?
As revelações são as duas menos conhecidas: Viétia Zangrandi, que faz um dos papéis mais difíceis, e a Franciely. Ela está muito bem e ainda não tinha tido uma oportunidade à altura. Ela soube dar ao personagem a coisa do sangue quente da latina, me surpreendeu. A Tereza também está muito bem e a Lucélia (Santos) é um mito. A Sônia (Braga), eu conheço há 35 anos, é muito intuitiva e dona de um potencial técnico excepcional. Estou muito satisfeito com o elenco.

3 Comentários:

Anônimo disse...

Fábio Barreto disse tudo o que acho! Essa entrevista foi perfeita e uma maneira de dizer aos negativistas que "DCD" é bem melhor que qualquer novelazinha... Quanto ao que ele disse sobre a nossa língua... Também concordo! O povo anglo-saxão é mais rígido, a língua deles é mais dura e direta. Já a nossa, a latina, é mais maleável e adentra os mais profundos aspectos...

Olha eu, dando um de estudante de filologia!

HeHe...

Abraços...

PS: Ele disse tudo sobre o horário de exibição! Eu também gostaria que a série fosse exibida um pouquinho mais cedo...

Anônimo disse...

Também concordo com o Fábio, em tudo - menos horário, para mim está bom assim

Anônimo disse...

Fabio Barreto mandou muito bem, sua entrevista ta genial. Tem muita gente invejosa esta eh a verdade. Tem muita coisa melhor que a serie original, por exemplo, a interpretacao de Andre Mauro que faz o Miguel Delfino, da de dez no ator americano. Parabens a toda equipe pelo lindo trabalho!

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